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terça-feira, 7 de setembro de 2010

QUE QUARTO!

“Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo”

Por Maria do Socorro Alves Julião

Por diversas vezes uma aventura? Eis o relato. Os inesquecíveis, claro. É simplesmente fascinante o registro. Torcemos todos para que o painel seja muito bem descrito e narrado, para que a mente vá estruturando o que vivi.
O dia estava quase amanhecendo. A claridade não pediu licença, entrou rapidamente e se refestelou sobre tudo o que podia. Era o Sol de Equador que estava ali, resplandecente, brilhante. No quarto da casa da jornalista Edione Nóbrega, o dia se fez, se fazia, queria ser. Mas o sono ainda era o mestre maior nas primeiras horas.
Dia de luz, animação dos sentidos; sensações que voltam? Um ventinho também dialogava com os outros personagens. Sem cama, tudo indicava que o som chegava com mais dificuldade. A conversa da casa ao lado era o enfeite da manhã de domingo em Equador. Muita conversa. Mas o que tanto eles diziam? E era uma conversa animada, que vontade de saber o que era aquilo tudo, mas nada de ouvir, discriminar a conversa bem direitinho. O sono ainda estava comandando.
Ao lado do guarda-roupa, coloquei minha malinha, mala amada, porque de tudo o que preciso numa viagem assim, ela me conforta com o seu tamanho de tudo organizar. E lá fora?
Buscar o estado do ser lá fora. Olhando para o lado esquerdo, aquela rua longa, ornamentada com casas e pessoas, como um quadro. Tudo sugerindo uma cidadezinha próspera; bem cuidada e feliz; sim, Equador é feliz. Vive feliz e quem lá vai também é invadido por essa felicidade. Bem, mas a conversa do lado não parava. Saí para desejar bom dia ao Sol, mas, de repente, ui! Cadê meus óculos; o Sol brincou comigo e me jogou uma luz tão forte que não consegui, ufa! Cá está meus óculos. Quem vem ali? Ah! Não! Vou voltar para o quarto e fazer de conta que as frestinhas de luz ainda estão fraquinhas. Tomara que ainda o relógio marque seis horas da manhã para que eu possa viver tantos minutos lindos.
E depois, lá na cozinha tem o café da jornalista. Que café! E o pão? O queijo? O bolo? Ah! Quero correr para a rua. Olhar da esquerda para a direita, da direita para a esquerda. Quem vem ali? Não conheço. Tanta gente nova que está vivendo na cidade. O homem arrasta uma cansaço visível. Quem é aquela? Traz na mão uma sacola. O que há naquela sacola? Deve ser o pão para o café da manhã. Vou esperar ela passar para ver onde ela vai entrar, em que casa, será na casa ao lado? A conversa continua. Agora o Sol está mais quente. Agora já estou tomando café. Muita conversa sobre a festa anterior. A festa foi em Assunção. Que lugar, hein!
Entro no quarto, já com saudades. Abro minha mala amada e pego a escova. Hora de passear por Equador. Mas o quarto é que é meu instante inesquecível. Ora, na casa da esquina tem uma jornalista que mora. Na casa da esquina a Lua deve também brincar de jogar a luz por ali. Lá está o telhado, que bonito. Os caibros estão bem alinhadinhos, cada telha no lugar certo. Não precisa de mais nada a casa da esquina, só que você esteja lá dentro e sinta-se num lugar leve, de anjo, num poema de flutuação.
E tem gente que nem liga para essas coisas do coração. Tão pouca gente se importa com um quarto de dormir. E é tão importante.
Eu queria ouvir uma música bem linda, ali. Pensando bem, não; assim, como é que eu poderia ouvir a conversa dos vizinhos que amanheceram o dia falando, falando demais; falas da manhã de domingo em Equador, enquanto a galinha está sendo preparada, pessoas falam. Acho que o café da manhã daquela casa vizinha deve ser tão bom. Mas, duvido que supere o da jornalista da casa da esquina. Ficou a lição de bom trato.
Um alento para mim é saber que voltarei lá e, no quarto, guardarei minha mala amada e dormirei um sono pesado e me acordarei com as frestinhas do telhado em claro, e ouvirei a conversa, que será outra, mas com o mesmo tom, e tomarei um requintado café da manhã; se Deus quiser

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